Criar uma Loja Virtual Grátis
Cultura Humana
Cultura Humana

 

O animal que se tornou humano 

Fazer sexo por amor, falar corretamente, entender metáforas e criar estruturas simbólicas não são atitudes inatas ao ser humano. Se isolássemos uma criança, fora do convívio social, ela não seria humana. Poderia ser qualquer coisa, menos um ser humano. Isso porque, o que aprendemos, os valores que estabelecemos nas relações, as crenças, os laços de afeto, a capacidade crítica ou a consciência de seus atos, no homem-mulher, são fruto da cultura. É a cultura (e com ela, segue-se a educação, a socialização, a simbolicação dos atos etc. ) que humaniza o homem. A Cultura, segundo o pensador Vieira Pinto, é o processo pelo qual o homem acumula as experiências que vai sendo capaz de realizar, discerne entre elas, fixa as de efeito favorável e, como resultado da ação exercida, converte em ideias as imagens e lembranças, a princípio coladas às realidades sensíveis, e depois generalizadas, desse contato inventivo com o mundo natural( VIEIRA PINTO, Álvaro. Ciência e Existência, p. 123).

Ao contrário do animal que age, sente e pensa no e pelo instinto, o ser humano age, sente e pensa a partir do seu cabedal cultural, que lhe é transmitido de geração em geração. E sua ação acontece no mundo e pelo mundo. Só ele consegue converter ideias em projeto e este em realidade. Ele sai de si, dirige-se ao outro e modifica a natureza. Mas sua modificação, na natureza e na realidade, agrega conhecimentos passados e presentes para construir (n)o futuro. A história é exatamente esse suporte que permite ao homem construir saber e cultura no presente a partir do passado e projetando-se para o futuro. Somos, nesse sentido, filhos de uma herança histórica. Cidadãos cósmicos, que tem pelo menos 15 bilhões de anos – e 4 milhões de idade cultural. Pelo saber, pela arte e pela simbolização, unidas ao trabalho, o ser humano manipula o mundo, a natureza – e, infelizmente, o seu semelhante. Ele age nela e por ela, sem que  deixe, por isso, de ser um animal natural. É um animal humano deveras! Um caniço pensante, como diria Pascal ou um nada consciente na linguagem de santo Agostinho.