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11. O que é a Verdade?
11. O que é a Verdade?

 

Verdade: conceitos, distinção entre verdade e veracidade, espécies e critérios de verdade

e diferenciação entre ciências causais e disciplinas axiológicas.

 

 

Para os filósofos gregos a verdade estava no ser das coisas, ou melhor, na essência das coisas. Este conceito de verdade tem bastante influência do platonismo. Como se sabe Platão, por meio de sua dialética, dividiu a realidade em dois mundos: o físico – onde residem às aparências, sombras e doxas – e das idéias ou supra-sensível – onde residem às essências das coisas. Neste sentido, a verdade está na essência e, portanto, no mundo das idéias. Para Aristóteles, filósofo grego posterior a Platão, a verdade estava no discurso, na maneira como anunciamos a verdade. Por isso este filósofo desenvolve a lógica formal. Verdadeiro e falso, na concepção aristotélica, fazem parte do problema da verdade. Já para os medievais, particularmente os escolásticos – fundamentados pelo pensamento de São Tomás –, a verdade estava na realidade, independentemente do sujeito. Cabia ao intelecto adaptar-se à verdade que estava no mundo, criado por Deus.

Já sabendo o conceito de verdade, passemos para o passo seguinte: verdade e veracidade. Antes de tudo, consideremos que ambas (verdade e veracidade) não se encontram justa-postas. Separamo-las aqui somente para facilitar a compreensão. A verdade tem a ver com o caráter objetivo das coisas. Ela está fora, exterior ao sujeito. Trata-se de entender a verdade do ponto de vista fenomenológico: ela é o que é. Todos têm acesso à verdade, pois ela é objetiva. Já a veracidade depende estreitamente do sujeito. Ela é uma forma consciente, mas nem sempre segura, de transmitir conhecimento, visto que a veracidade guarda algumas características do sujeito – depende da boa-fé dele. Uma vez distinguida verdade de veracidade, cumpre-nos entender as espécies de verdades que existem. Comecemos pela verdade material – aquela onde existe concordância entre o objeto material e a forma argumentativa deste objeto. Há também a verdade formalcaracterizada pela concordância argumentativa do discurso. Na verdade formal não pode haver contradição na disposição dos argumentos de um discurso. Outra espécie de verdade é a convencional ou axiomática, trata-se do acordo realizado entre um grupo de pessoas que convencionalmente decidem sobre alguma verdade. Já a verdade do tipomoral tem a ver com a coerência que deve existir entre o discurso e a ação, entre a teoria e a prática. É importante destacar outras três espécies de verdade: a pragmática, a estatale a dogmática: a primeira diz respeito à utilidade. A verdade que é útil para alguma coisa; a segunda (estatal) pode ser de dois tipos: as verdades estabelecidas por uma nação (por meio de leis, normas de conduta, etc) e as que são estabelecidas por grupos políticos que visam determinados interesses. Quanto à última espécie de verdade, a dogmática, esta se fundamenta nos dogmas estabelecidos, principalmente, pelas religiões. Os dogmas são inquestionáveis e dependem da aceitação ou da fé. Tendo definido as espécies de verdades, passemos aos cinco critérios de verdade: 1) autoridade: tem a ver com o grau de intelectualidade, cientificidade de um determinado autor. Pode haver um conhecimento baseado na autoridade religiosa, como o foi na escolástica, ou política – quando há ditaduras; 2) evidência: entendida como aquilo que se mostra evidente; 3)ausência de contradição: trata-se da coerência do discurso, tal como vimos na verdade formal; 4) utilidade: onde a verdade deve mostrar-se útil. Ela precisa ter uma finalidade prática; 5) prova: é o critério onde a verdade deve ser provada, submetida a testes empíricos ou não, mas que seja demonstrado os fundamentos. Pode ser uma prova por meio de um raciocínio ou apresentação de fatos pelos quais se constata a verdade.

Para finalizarmos, é importantíssimos fazermos uma distinção adequada entre ciências causais (biologia, física, química, medicina) e disciplinas axiológicas (ética, política, religião, direito, etc.). As ciências causais não são criadas pelos homens e, por esta razão, não dependem deles para existir. Elas nascem junto com a natureza. As ciências causais são baseadas na lei da causalidade, presente na natureza. Já as disciplinas axiológicas são criações humanas. Nascem a partir da necessidade que os homens têm de se organizar.A questão da união entre o problema da verdade e as ciências (traduzida pela neurociência, psico-neuro-medicina, etc) atuais está bem explicita nos estudos que têm se realizado atualmente onde se tenta aproximar a neurociência à filosofia. A motivação de associar estas áreas do conhecimento se dá porque “os homens julgam as coisas seguindo a disposição de seu cérebro”. Henri Brgdom sugere que nossos conhecimentos do cérebro podem ter incidências positivas para a filosofia