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35. Teilhard di Chardin
35. Teilhard di Chardin

 

Idéias de P. Teilhard di Chardin 

Nasce em 1851 e morre no ano de 1955. É padre, paleontólogo e filósofo que tem grande influência do evolucionismo de Darwin, além do pensamento de Hegel. De modo geral, esse autor vive no auge da discussão evolucionista. No seu tempo, suas obras forma muito criticadas, tanto pela Igreja quanto pela ciência. Seu livro O fenômeno humano chega às mãos das pessoas de modo muito inadequado e estas não o compreenderam. Essa obra é quase uma comprovação da teoria evolucionista e sua possível junção com os dogmas cristãos.Antes de analisar as idéias de Chardin, convém re-lembrar que ao longo da história do ocidente pensou-se sempre de modo fragmentado e aquilo que não cabia no conhecimento formal foi negado ou ocultado. Pois bem... Chardin faz suas pesquisas na China e acaba sendo influenciado pelo pensamento oriental e pensa a ciência numa dimensão não convencional [talvez seja por isso que ele foi tão criticado] para sua época. Ele desenvolve um pensamento científico mais global, integralizante. 

 

Desde a filosofia kantiana a ciência entendeu que só se podia conhecer aquilo que fosse fenômeno, matéria. Logo, aquilo que escapa aos dados da sensibilidade deveria ser deixado de lado. Mas, o pensamento oriental é mais integral e mesmo a ciência não pode negar que existem algumas coisas que podem ser pensadas, sem que sejam experimentadas. Além disso, é também inegável que o Todo é composto de várias partes que se relacionam entre si. Já os gregos tinham essa visão mais global da realidade. Da mesma forma Chardin identifica que os aspectos não materiais da realidade ou do cosmos só podem ser acessíveis pelas idéias. Esse autor identifica que, pelo cérebro, nos foi introduzida à capacidade de primeiro pensar, refletir, depois amar.  Em sua biografa, percebemos que desde criança Chardim descobre que sente uma paixão pelo Absoluto. Isso é bastante importante para ele porque, a reflexão é, por assim dizer, um dos níveis da consciência. É verdade que postulou a existência de um eixo centralizador da consciência, algo pensante e, ao mesmo tempo, donde brota o pensamento. Para esse pensador cristão, existe um processo de iluminação que possibilidade a aproximação da ciência à fé cristã. Mas há [rever equívocos] três parâmetros nesses processos – a] o infinitamente pequeno do universo, como o átomo, por exemplo; b] o infinitamente grande, tal como o homem ou as galáxias.

 

Segundo Chardim a ciência abarca esses dois processos, porém é preciso estudar a complexidade do cérebro humano – que é capaz de perceber as coisas materiais, mas que capta, pelas idéias, aquilo que não é material. Chardim se maravilha exatamente com essa capacidade do cérebro humano de captar as coisas materiais e intelécto-espirituais. É assim que o homem faz sínteses totalizantes da realidade. Não obstante tudo que dissemos, convém ressaltar que o cérebro também é infinitamente complexo.O fato é que, para Chardin, a vida atinge seu grau máximo no cérebro humano que pode pensar do infinitamente pequeno [átomo] ao infinitamente grande [as galáxias]. Numa palavra, o cérebro capta a grandiosidade, complexa, do universo.Neste sentido, a complexidade biológica da evolução consiste na capacidade de o homem ter a consciência reflexiva, afinal, com ela, o ser humano não é somente uma junção de moléculas e átomos presente no universo. Há, pois uma finalidade/propósito para o homem pensado por aquele eixo organizador donde emanam os pensamentos.Outra noção importante em Chardin é a biosfera. Ele a entende como sendo a faixa da vida, demonstrada em seu mais alto grau de complexidade. Ainda sobre esse tema, Chardin concorda que a evolução acontece por meio de um ‘dentro’, quer dizer, pela dimensão interior do universo, que faz com que tudo funcione da maneira como deve ser, com uma finalidade, um propósito.É evidente que o pensamento de Chardin teve muita implicação, tanto no âmbito da ciência como na teologia. Não custa lembrar que mesmo o pensamento católico-cristão entende que o cérebro capta o Absoluto e vê-lo como Deus, uma energia, um logos que tem um propósito que, aliás, é muito parecido com o propósito do ser humano.

 

No cristianismo essa energia é quase personalizada. Deus é alguém que cria, dá personalidade ao universo. Ele é o eixo pensante...Em verdade, para Chardin, essa energia para a qual todas as coisas se dirigem é o amor, que possui um caráter evolutivo – começamos amando materialmente até, nu processo de junção, alcançarmos a complexidade do amor mais totalizante, cósmico. Desse modo, as coisas evoluem amorosamente em direção à Cristo [cristosfera], fonte de todo amor. Tudo nasce, se desenvolver e dirige-se à Cristo. Ele é, por assim dizer, o propósito de tudo. Já dissemos que, em Chardin, encontramos a comprovação do evolucionismo biológico que vai do infinitamente pequeno ao infinitamente grande e complexo. O cérebro humano é capaz de entender as coisas materiais, pela ciência, mas também capta o Transcendente, que por sua vez é complexo.

 

Assim sendo, como a filosofia não consegue explicar tudo, Chardin propõe que a religião possa a dar sentido a esse Todo totalizante para a compreensão humana.Também já expusemos a idéia de que esse cientista católico acreditava que existia uma força, energia que congregava todas as coisas, desde as infinitamente pequenas até as complexas. Pois bem. Chardin acreditava que o amor, enquanto energia, não só juta as pessoas no sentido biológico, como também noutros níveis, como o psicológico, afetivo até se chegar no amor universal pela humanidade. Mas não esqueçamos que esse amor é o de Cristo, que possui essa energia agregadora das coisas/partes que compõem o todo. Outra coisa importante é que a energia do amor funciona de maneira interna, porém, de modo geral Cristo é a fonte donde emana a energia do amor. Essa energia é universal, pensante [é capaz de juntar as partes com um determinado propósito] capaz de agregar muitas partes e constituir o ser humano. É o próprio Cristo que cria a pessoa humana e a dota de personalidade e potencial. E é exatamente esse ‘amor’ cristo que é este ‘dentro’ao qual nos referimos acima. Cristo direciona – e nisso Chardin acreditava piamente – toda a criação. O próprio Jesus é resultado de uma evolução. Deus, ao longo da história, foi preparando um homem, num dado momento, [Jesus] para que alcançasse o nível de consciência do Cristo e encarnasse essa energia pensante que a todas as coisas agrega – o amor. Segundo as Escrituras, Cristo foi enviado, ungido. Ele foi o prometido. O filho de Deus, portanto, é intermediário entre aquilo que é manifesto e o que não é. Desta maneira Cristo anuncia sua Boa nova por meio do Verbo, que é palavra divina. Depois do que dissemos, podemos afirmar que Jesus só existe por causa do Cristo. Em palavras simples, Cristo só se manifesta através de Jesus, que passa a mensagem/palavra divina. É dessa forma que Cristo, através do amor, se torna humano e age na história como uma espécie de demiurgo que dá forma humana ao homem. A conclusão que tiramos de tudo isso é que, se Cristo cria a manifestação material, ele tem vários propósitos.

 

É por isso que um dos propósitos do Cristo é criar a figura de Jesus [através da evolução], no qual ele mesmo se manifestou. Aqui temos o objetivo principal de Chardin – juntar a evolução física para explicar que Cristo prepara Jesus para se tornar uma figura perfeita, evoluída, em quem o messias se manifesta. Em todo caso, há um processo evolutivo que culmina no amor. Cristo, que tem seus propósitos, encarna o amor e nós outros só saberemos do propósito de Cristo quando entrarmos em comunhão com Ele. Chardin chama de Parusia não somente a segunda vinda de Cristo, mas a oportunidade de nós irmos à Cristo e entrarmos em comunhão com ele. Não se trata de uma volta de Cristo, mas de nossa ida ao seu encontro. Desse modo, quando todos estivermos possuídos de Cristo, teremos o pleroma, ou seja, a unificação, a comunhão de todos com o Cristo. Chardin acreditava verdadeiramente que todos evoluiríamos e alcançaríamos esse nível de consciência que possibilita a comunhão com Cristo.Tudo isso é possível porque para Chardin o homem é a chave do universo – afinal, através de seu cérebro é dada à possibilidade de o homem vivenciar o próprio Cristo, que veio antes do universo. Ele é o criador do universo e esteve presente desde sempre, eternamente. Cristo é, por assim dizer, o modelo diretriz... É por esse motivo que na comunhão eucarística temos a oportunidade de nos harmonizarmos com Cristo.

 

Mas na perspectiva de Chardin o homem não é passivo. Ele tem uma ação... Desempenha um importante papel no processo de evolução. O ser humano deve agir a partir de um tríplice movimento – o centrar-se; o descentrar-se e o supercentrar-se – para ser mais.Para centrar-se o homem deve cultivar-se durante toda a vida. Somente assim é possível incutir ordem e harmonia em nossas idéias. Tudo isso deve acontecer para que a mente se organize e seja realizado o propósito [do Cristo] desejado. Descentrar-se significa sair de si e unir-se aos outros abrindo o homem às outras consciências presentes no mundo. Já o processo de supercentrar-se diz respeito à idéia de o homem se subordinar à totalidade cósmica a partir do amor de Cristo. Trata-se colocar a consciência individual aberta às outras consciências, presentes no cosmos, a partir do amor à Cristo.

 

Em sua atividade, para acelerar o processo evolutivo o homem deve trabalhar seu egocentrismo afim de que despertem, rapidamente, outras consciências para o amor crístico. Somente dessa maneira é possível acelerar o processo evolutivo.Já dissemos que a unificação de todos, ou seja, das consciências presentes no mundo, se dá pelo amor fraterno, crístico, onde todos se preocupam e cuidam uns dos outros.Entre as estratégias sugeridas por Chardin para acelerar o processo evolutivo estão a junção entre razão, religião e ciência. Esses três aspectos do homem devem funcionar juntos; que a educação se edifique a partir de uma visão de síntese, afinal, esse autor acreditava que para entender o propósito de Cristo era necessário trabalhar a visão de síntese. Exemplo disso é a junção proposta anteriormente, que também vale para a educação, entre razão, religião e ciência. Algo que ele próprio fez em sua obra e que acreditava valer para todo mundo; a idéia de que a moral está em movimento, ou seja, não existe uma moral fixa. Em oposição a moral de equilíbrio [muito comum no cristianismo], Chardin concebia que os valores também evoluíam e que nós temos a tarefa de manter e entender os propósitos da evolução. Desta maneira a moral, tal como os homens, se desenvolvem e estão em constante movimento... Nesse movimento é possível desenvolver, pela moralidade, o amor individual a ponto de ele alcançar a universalidade, sua ampliação cósmica.