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43. Augusto Comte
43. Augusto Comte

Positivismo Lógico

Dando um salto histórico, cabe falar um pouco sobre o positivismo de Augusto Comte. Façamos, inicialmente, algumas considerações: 1) a teoria de Conte é uma apropriação indébita do socialismo utópico de Saint-Simon; 2) o positivismo se opõe à religião e define as coisas a partir de seu ponto de vista; 3) no século 19, busca-se a edificação de uma ciência lógica que negue as crendices infundadas e a metafísica. 4) o positivismo de Spencer critica tanto a Igreja católica, quanto à protestante. Critica a religião institucional. Tomemos por base a idéia de que a ciência sempre foi uma tentativa de o homem pode dominar a natureza.

 

O sonho do século 19 era atingir um estágio científico para alcançar uma sociedade tecnocêntrica. Só que a ciência se pauta na racionalidade. O positivismo, tomando a ciência como valor absoluto, coloca Deus noutro plano. É por isso que a ciência positivista é vista como uma divindade, uma deusa. O problema do positivismo é que, criticando a religião vigente, faz do conhecimento científico uma espécie de religião e volta, deste modo, ao estado teológico, que tanto criticou. Mudam-se os santos, os deuses, os fundamentos e os tipos de explicações, mas o sentido religioso é o mesmo, visto que a ciência se transforma em fetiche e se elitiza com um pequeno grupo de sacerdotes, ou melhor, cientistas. A ciência, com o positivismo, ganha dono e status-quó. Ela serve aos poderosos e seus estudiosos se tornam funcionários. Ela torna-se produto que pode ser comprado. A coisa fica tão séria que essa ciência serve aos interesses <> da primeira e segunda guerras mundiais. O problema é que não se fazia apenas ciência: produziam-se tecnologias e com elas vinham os impasses éticos, afinal, cria-se tecnologicamente os produtos e depois se pensam no uso e suas implicações. Aqui nos permite lembrar Foucault quando afirmava que a ciência possibilitou que até nosso corpo se tornasse parte da tecnologia. Foi assim que a ciência, que deveria servir ao conhecimento humano, passa a servir a um mecanismo de poder. As idéias positivistas foram tão boas que influenciaram Spencer, Darwin e outros célebres cientistas.

 

Depois de Darwin, e mais precisamente com Spencer, é possível falar não só de uma evolução físico-biológica, mas numa evolução moral. Mas, para concluirmos esta parte, convém mencionar que o principal problema da ciência consiste em sua arrogância, como saber absoluto que não se acha no dever de dar explicações para ninguém. Aprofundemos um pouco mais o positivismo. É Conte quem afirma que devemos considerar “o amor por princípio, à ordem por base e o progresso por fim”.

 

Conte defende a idéia de que o progresso é possível depois que a sociedade passa por alguns estados. Ele enumera três: o teológico, o metafísico e o positivo. O primeiro caracteriza-se pelo fetichismo, pela simbologia, etc. Mas do fetichismo passa-se ao politeísmo, nível mais evoluído, para depois se alcançar o monoteísmo, nível mais elevado. Esse primeiro estado corresponde infância de uma sociedade. Já o segundo, o estado metafísico, compreende a adolescência de uma determinada sociedade. Caracteriza-se pela busca do por que das coisas. As respostas são absolutas, metafísicas e essa verdade absoluta deve dar conta de todos os problemas. Mas não há verdades absolutas. Por isso é necessário o estado científico, onde a imaginação está subordinada à ciência. Aqui não existe a necessidade de uma verdade, pois tudo está sujeito às argumentações científicas. A política do século 19 é a primeira a se utilizar do positivismo para direcionar o Estado. Depois a psicanálise também se apóia no positivismo. O problema dessa corrente é que ela conduz ao relativismo, haja vista que não há, como dissemos, uma verdade absoluta.É dentro da estrutura positivista que as ciências se desenvolvem. Essa ciência deu - perigosamente – ao homem a supremacia em relação a todos os outros seres.

 

Foi dessa forma que ele se tornou dominador. O homem passou a possuir poder, através do conhecimento científico, para fazer muitas coisas, boas e ruins. O problema é que Conte pensava numa ciência que desse conta de resolver a ela mesma. Ele foi ingênuo em imaginar que a ciência fosse isenta de responsabilidade ou neutra. Ocorre que, dadas as condições do positivismo, a ciência se desvinculou da ética. Foi dessas idéias que se chegou à conclusão de que a verdade da ciência estava naquilo que se poderia provar, principalmente através da demonstração dos fatos. Só depois da 2ª guerra mundial é que se tenta re-aproximar a ciência da ética. O impacto do positivismo foi tão grande que se criou uma religião e um direito positivos. Ele foi um elemento importante para o desenvolvimento do utilitarismo, da psicanálise e, posteriormente, para a fenomenologia.

 

O objetivo do positivismo é pesquisar os fatos concretos da realidade, acessíveis à inteligência, sem preocupações com causas primeiras. Ele busca um conhecimento que estabeleça uma harmonia lógica, tanto para o indivíduo em particular, como para sua espécie. O positivismo busca a certeza que vem da precisão, enunciados rigorosos, sem ambigüidades, mas com clareza. Ele postula a construção metódica de todo conhecimento – daí a importância de se ter, no currículo escolar à matemática, a física, a biologia... Para se chegar à grande ciência, a sociologia. O positivismo também aceita o conhecimento relativo, que traz teorias opostas para que se amplie o conhecimento e que as pesquisas dêem continuidade.Agora, curiosamente, grande parte das descobertas tecnológicas, que algumas vezes vinculadas à ciência, aconteceu por acaso.