19. David Hume
19. David Hume

David Hume, filósofo contratualista

David Hume nasceu em 1716 e morreu em 1776. Ele queria saber qual era a relação entre lógica e experiência e, como acontecia a experiência reflexiva. Os argumentos deste autor colocam em cheque o empirismo e, mais tarde influenciará Kant. Hume define o que deve ser considerado conhecimento científico ou válido. Ele queira conceituar lógica e experiência e tirar os aspectos metafísicos da pesquisa científica. Hume distingue duas formas de empirismo, no que diz respeito à argumentação: o psicológico – contrariando Locke na argumentação da tabula rasa, onde é considerada a experiência interna e subjetiva do sujeito, como por exemplo, os gostos e os sentimentos (tristeza) – e o empirismo lógico, que trata de uma argumentação contra a metafísica e a relação de causalidade. Em Hume o conhecimento se dá a partir das impressões e idéias. As impressões acontecem de maneira imediata, como uma manifestação do objeto nos sentidos. Há uma interferência direta do objeto no sujeito que se evidencia com os sentidos.

 

Quanto às idéias, elas são imediatas e têm que passar pela experiência. Na formação das idéias ainda temos, desde Aristóteles, a noção de causalidade. Esta noção atrapalha o conhecimento científico. Hume distingue entre o que é necessário e o que é possível. Segundo ele, a causalidade se fundamenta na relação necessária entre causa e efeito. Aqui reside o problema entre a experiência e a lógica: na crença que existe causalidade, que só complica a pesquisa. Hume quer sistematizar o conhecimento científico. Ele admite que no campo lógico-matemático pode haver causalidade, mas no campo dos fatos só existem possibilidades. No fato há meramente o acontecimento. O pesquisador imprudente confunde-se e acaba estabelecendo relações causais nos fatos: quanto mais informações relacionamos pela causalidade, mais podemos nos equivocar.

 

Quando fazemos esta relação acreditamos que ocorre, aparentemente uma contradição, mas na verdade existe a possibilidade. Segundo Hume, no fato, ontologicamente, existe uma sucessão temporal – que é diferente da relação causa-efeito. O pesquisador imprudente percebe esta sucessão e, por questões psicológicas, crê que ocorre causalidade. Ela é um problema de crença e, esta crendice não leva à certeza, mas à dúvida. Destas idéias nasce o ceticismo de Hume: trata-se de um ceticismo filosófico que ele o reconhece artificial. Segundo este autor critica amoralidade da religião, fundamentada na metafísica que é causal. Ele também critica o milagre, pois a cura não pode ocorrer pela relação de causalidade, do contrário, a experiência não seria válida. “Não existe cura para uma doença incurável”. O que existe são crenças psicológicas. Hume não era ateu. Ele critica a religião, mas aceita a religiosidade – entendida enquanto tendência humana à busca do sagrado.

 

Por fim, para David Hume a crença na relação causal, do ponto de vista instintivo, é natural, porém filosoficamente ela não é aceita. Somos dogmáticos instintivamente e céticos quando refletimos. Hume é cético no sentido de separar questões lógicas de questões de experiências.