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2. Parmênides
2. Parmênides

 

Parmênides

Parmênides é o principal representante da escola de Eléia, por ele fundada. Nessa escola a filosofia tece uma admirável profundidade conceitual. Há autores, como Julian Marías, que consideram Parmênides o mais importante filósofo entre os que antecederam Sócrates.


Com Parmênides nasce a metafísica. Ele viveu, provavelmente, no final do século VI até a primeira metade do século V a.C. Suas ideias podem ter sofrido influências de notáveis filósofos, como Xenófanes e Pitágoras.  


Além de Filósofo, Parmênides foi poeta. Sua obra mais famosa, da qual ainda nos restam uns fragmentos, é o poema Sobre a Natureza. Nele o filósofo escreve sobre as vias da verdade, da opinião e do não-ser.


Ao contrário de Heráclito, que concebia a harmonia dos contrários, Parmênides só admite a existência do Ser que é uno, eterno, indivisível, verdadeiro, fixo, imóvel e pleno. Não existe o não-ser porque se existisse não podia ser não-ser, mas outro ser. O que é é e não pode deixar de ser, diz Parmênides. Ou o ser existe ou não existe. E não há outra forma de ser a não ser a existência.  Isso porque para a teoria parmenediana, o pensar e o existir se confluem. Só pode ser pensado aquilo que é, aquilo que existe. Dessa forma, ser e pensar são a mesma coisa. Só é possível pensar o existente, o ser. Ele não muda. Nem está sujeito a variações. Essa vertente grega, introduzida por Parmênides vai se radicalizar no início da modernidade quando Descarte afirmará Cogito ergo Sun, penso, logo existo.


O filósofo critica Heráclito quando, no poema Sobre a Natureza, afirma que as ideias devir-a-ser; parecer; e não-ser não passam de puros nomes que a razão mortal foi capaz de criar (MONDIN, pág. 31). Para Parmênides a única realidade que existia era a do próprio Ser. Se uma coisa é, não pode vir a ser porque já é. Sendo assim, os contrários não são oposições porque não existem fora do ser. O que os sentidos (órgãos que nos enganam) podem considerar contrários, na verdade, são outras formas do Ser.


Com esses raciocínios, além de ter sido considerado o fundador da metafísica, Parmênides funda o princípio lógico da não-contradição – mais tarde radicalizado na Lógica de Aristóteles – e a distinção entre o valor da razão e o valor dos sentidos no processo de aquisição/apreensão dos objetos da realidade. Parmênides não pára nos corredores da metafísica. Vai além. Propõe uma perspectiva cosmológica para o Ser. Além de ser uno, eterno, imóvel, verdadeiro e pleno, o Ser tem características físicas. Ele é esférico, limitado e homogêneo. Esférico porque não ilimitado, senão necessitaria se preencher. Por isso é homogêneo, ou seja, dotado de substância única, ele próprio.


Dadas essas explanações, cumpre-nos tirar algumas considerações da teoria parmenediana. Primeiro: o pensamento de Parmênides redireciona o rumo da filosofia grega, eliminando (por algum tempo deveras!) a possibilidade do movimento do ser; segundo: da física (outrora pensada pelos filósofos anteriores) a filosofia passa a ser ontologia, metafísica; terceiro: ocorre, com Parmênides, o início da dicotomia entre verdade e erro, episteme e doxa, que se radicalizará no dualismo de Platão.

 

Bibliografia


RESENDE, Antonio. Curso de Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, editor. 2002. MONDIN, Battista. Curso de Filosofia Vol. 1. São Paulo: Paulus, 2002. ZILLES, Urbano. Teoria do Conhecimento e Teoria da Ciência. São Paulo: Paulus, 2005. MARÍAS. Julian. História da Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2004. HEIDEGGER, Martin. Que é Isto – Filosofia: Identidade e Diferença.Petrópolis: Vozes, 2006.