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56. Filosofia da Educação
56. Filosofia da Educação

 

A filosofia na Formação do Educador – Demerval Saviani

Introdução ao Tema 

As idéias de Saviani, apresentadas no texto “A Filosofia na Formação do Educador”, estudadas durante esse bimestre no curso de filosofia desta instituição é, por assim dizer, de importante relevância para entender o papel da filosofia na educação. O autor, em linhas gerais, defende a idéia de que é muito importante à filosofia na formação do educador e, de modo mais preciso, de que a educação deve ter uma “orientação filosófica”. Mas, convém indagar sobre que filosofia é essa, quais as características e como aplicá-la à educação. Este trabalho apresenta, inicialmente, uma abordagem sobre a importância do texto de Saviani e, posteriormente, uma série de questionamento acerca da educação. Vale lembrar que esses questionamentos são fruto da leitura crítica do texto “A Filosofia na Formação do Educador”, mas tentar contribuir para a reflexão principal em torno da temática da educação.           

Relevância das idéias de Saviani

Todos sabem que o ponto de partida para a atitude filosófica é a existência de um problema. Mas, é importante se perguntar sobre o significado da palavra problema. É sob esse aspecto que a análise de Saviani se faz importante. Debruçar-se sobre a “problemática do problema” é descobrir as razões por que se deve filosofar. É sabido que a filosofia não é espontânea ao homem e, muito menos, imediata. Ela surgiu a partir dos problemas que o homem enfrentou no transcurso de sua existência. Saviani adverte que – não raramente – qualquer pergunta e/ou indagação, dúvida ou mistério, ou ainda, obstáculo apresentam-se como sinônimos de problemas. Ele adverte que erroneamente essas palavras são tomadas como problemas quando, na verdade, não o são. Ora, sabemos que nem toda pergunta constitui-se um problema e, nem toda dúvida ou aquilo que se desconhece pode ser considerado um problema. Saviani liga, relevantemente, a noção de problema – no sentido filosófico – ao conceito de necessidade. Segundo ele, é na medida em que o homem necessita resolver alguns problemas <> que surge a filosofia. Neste sentido, o problema possui um sentido vital e dramático na existência humana. O aprofundamento dele (o problema) impõe e exige o ato de filosofar. Contudo, se a filosofia surge de problemas que necessitam serem resolvidos, como conceituar a filosofia? Saviani responde com precisão: ela é um modo de reflexão. Mas, não se trata de qualquer reflexão. É preciso – para ser filosófica – que essa reflexão seja radical (no sentido de ir à raiz do problema, entendendo seu fundamento), rigorosa (dispondo de método) e global (tendo visão de conjunto). Esta última característica distingue a filosofia das outras ciências, porque ela não tem objeto determinado. A filosofia se ocupa de qualquer problema que se lhe apresente na realidade. Por meio dela é possível ter uma postura dialética, ou seja, pensar criticamente para compreender as partes que constituem a realidade. A filosofia permite ao homem tomar atitude diante de um problema. Neste sentido, qualquer “problema filosófico” revela e oculta – ao mesmo tempo – o ato de filosofar. É aqui que entra a importância da filosofia na educação: trata-se de uma reflexão radical, rigorosa e global dos problemas que cercam a realidade educacional. Também o educador deve desempenhar um papel filosófico e voltar seu olhar para os problemas que ele se depara em sua prática educativa. Mas, não podemos confundir filosofia da educação com ideologia e, muito menos, com filosofia de vida. Esta última é evidente: nem sempre a ação humana pressupõe uma reflexão filosófica. Podemos agir sem pensar e refletir. Mas, Saviani traz, apesar de sua influência marxista, uma noção positiva de “ideologia”. Ele a entende como um conjunto de idéias (não necessariamente más, ou alienadoras, como pensava Karl Marx) que uma instituição ou pessoa adota como filosofia de vida. A filosofia da educação oferece ao educador um método para ele refletir a realidade educacional.

Reflexão a partir das idéias do autor

Até agora, tratou-se, mesmo que modo de parcialmente reflexivo – da parte que quem elabora esse texto – das idéias de Dermeval Saviani. É preciso caminhar, a essa altura, com as próprias pernas e elaborar alguns questionamentos, seguidos de possíveis justificativas, em torno das idéias desse autor. Já dissemos, basicamente, o que é a filosofia da educação. Fala-se muito em educação. "Educação é direito de todos", "educação é investimento", "a educação é o caminho do desenvolvimento", etc. Mas o que realmente será essa educação em que tanto se fala? Será que todos os que falam sobre educação usam o termo no mesmo sentido, com idêntico significado? Essa primeira série de questionamentos é importante para justificar a seguinte pergunta-chave: se é necessária a presença da filosofia na formação do educador, qual é a noção de educação que temos e que, por sua vez, precisa ser impulsionada pela reflexão filosófica? Será que a educação é transmissão de conhecimentos? Ou a educação consiste numa preparação para a cidadania democrática responsável? É a educação o desenvolvimento das potencialidades do indivíduo? É a educação adestramento para o exercício de uma profissão? As várias respostas, em sua maioria conflitantes, dadas a essas perguntas são indicativas da adoção de conceitos de educação diferentes, muitas vezes incompatíveis, por parte dos que se preocupam em responder a elas. É muito comum, ao tentar se responder essas questões, cair no campo da ideologia que aliena.Outra reflexão pertinente, que escapa às idéias de Saviani presentes no texto que analisamos, é a respeito do endeusamento da filosofia no campo da educação. Será que precisamos <> de filosofia na educação? Por que não pensar – na formação do educador e também na formação dos educandos – em uma antropologia, sociologia e, até mesmo, uma teologia da educação? Cumpre entender que a discussão no campo da educação é vasto. Exige muita cautela e empenho. Fechar o debate no nível da filosofia seria, etnocentricamente, não considerar outras áreas do conhecimento que também podem contribuir na formação do educador e do educando, inclusive no ponto de vista da elaboração do pensamento crítico.O texto de Saviani é propício (apesar de ser limitado em algumas questões) para voltar nosso olhar em torno da educação numa perspectiva horizontal e histórica. Quando o autor sugere que o educador tenha consciência crítica e, para adquiri-la, destaca a importância da abordagem filosófica, permite que seja feita uma análise da educação no curso da história humana e, infelizmente, se constate que a educação, ao longo dos anos, foi elitizada talvez <> por faltar uma visão crítica, e quem sabe democrática, por parte das inúmeras intuições (Igreja, Estado, Instâncias privadas) e pessoas que a detenham em suas mãos ou sob seu poder...