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39. Liberdade
39. Liberdade

 

Ser ou não ser... livre ou determinado?! 

Não há como fugir da parte físico-química que determina a existência humana. No mundo, na natureza, nos animais e, entre eles, no homem há composições físicas e químicas. Elas determinam, em algum sentido ou nível, nosso modo de ser, nossa identidade. Embora a determinação não seja determinante em absoluto, ela comporta significativo grau de influência. Segundo o pensador francês Taiene, todos nós (inclusive os outros animais) somos determinados pelo momento (histórico), pelo meio ambiente (fator natural) e pela raça-espécie (fator cultural). Não há como fugir desses fatores. Estamos condenados a tecer nossa liberdade sob os fios das determinações.  

A psicologia e a liberdade 

Do ponto de vista psicológico, Pavlov e Skinner decodificaram nossos comportamentos. Segundo eles, ou melhor, segundo a psicologia comportamentalista, todas as nossas ações são resultados de estímulos e respostas. A todo tempo estamos sendo estimulados (pela natureza, pela cultura, pelo ambiente sócio-político e pelos Meios de Comunicação) para agirmos (respondermos) dessa ou daquela maneira. Neste sentido, tanto para Taiene, quanto para Pavlov e Skinner, a liberdade, entendida como parte da individualidade humana e somente humana, é uma ilusão. Também o sendo comum, as pessoas que ainda não dispõem de um mapa mental filosófico-científico confundem, não raramente, liberdade com  a ilusão de sentir-se livre. A ilusão, ao contrário da liberdade, possibilita a identificação da liberdade com esse ou aquele objeto. A pessoa se sente livre na medida em que pode consumir, fazer o que quer, o quem a sua cabeça etc. Como veremos, o conceito de liberdade, de fato, se opõe à identificação da liberdade com a ilusão de sentir-se livre em decorrência desse ou daquele objeto ou momento. Entretanto, não obstante as determinações naturais, culturais e históricas, a liberdade existe. Pelo menos de certo modo e a partir de determinado ponto de vista. Por exemplo: se entendemos a liberdade como escolha, como pensava Jean-Paul Sartre, podemos conceber que somos livres se somente se escolhermos. Assim, mesmo quando escolhemos não escolher estamos exercendo nossa liberdade, portanto, estamos sendo livres. Ou mesmo, se a liberdade nos for conceituada como uma ação em harmonia ou conformidade com a Natureza (como os estóicos pensavam) ou com o Espírito (conforme sugeriu Hegel), então somos racionalmente livres em nossas ações.  De qualquer modo, para entender a liberdade precisamos ter em mente alguns conceitos-base importantes. O primeiro deles é o conceito de autonomia. A palavra grega autossignifica originalmente “próprio” e nomia significa “lei”ou norma. Dessa maneira, podemos entender autonomia como a capacidade de elaborar nossas próprias leis ou normas que dirigem racionalmente nossas ações. É a disposição para deliberar e organizar nossas próprias normas de vida. O segundo conceito-base importante quando discutimos o tema da liberdade é o determinismo que aparentemente se opõe à liberdade. O termo vem das ciências e foi cunhado, precisamente, no interior da biologia. Significa a supremacia das leis naturais (físicas, químicas ou biológicas) em relação ou oposição às leis criadas pelo homem.  De fato, apesar de o homem ter inventado as ciências para conhecer, prever e manipular os fenômenos naturais, isso ainda não lhe deu poder para interferir na ordem e nas determinações das leis naturais. No âmbito religioso, o determinismo aparece (quando se fala em liberdade) sob a sigla da fatalidade; na filosofia usa-se a palavra contingência ou acaso para explicar aquilo que não é necessário ou determinado.