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47. Atrocidades do Século 19
47. Atrocidades do Século 19

 

“A pluralidade é a lei da terra” (Hannah Arendt)

O século 19 é decepcionante. Depois de – durante e após o Iluminismo – ter se exaltado à razão, o homem apresentou-se como irracional. Aquele que havia transformado a revolução francesa em algo sanguinário e ameaçador. É Nietsche quem mete o dedo no valor capitalista, que coincidia com o valor da Igreja. Sua pergunta primordial é de onde vêm os valores e para que servem. Shoupenhauer tentou fazer a elevação do homem a partir dos níveis de ascensão, que estudaremos depois. Kiekgaard sugeriu que era necessário dar um salto no vazio, afim de que o homem pudesse atingir a grandeza. Por que tanta proposta filosófica? Porque o mundo estava uma desgraça! Para Kierkgaard só a fé salvaria. Esse contexto deixa marcas profundas no século 20, que é marcado pelas 1º e 2º guerras. É no entre-guerra que aflorece a filosofia: com a escola de Frankfour, com o começo do Círculo de Viena, destacando-se autores como Wittgeinstein e Heidegger. Depois da 2º guerra mundial a filosofia se decepciona. Ela caiu no descaso, para não dizer no desuso.

 

O filósofo, neste período, muitas vezes é visto e confundido como sociólogo, economista, historiador etc. Nem Hannah Arendt, nem Foucault são reconhecidos como filósofos(a). Somente com a queda do muro de Berlim a filosofia ganha uma cara nova. Para findar essa introdução, cumpre constatar que a racionalidade do século 18 virou o desespere do século 19. Lembremos que o Iluminismo foi um movimento de idéias e que a Revolução francesa deveria marcar o cume do iluminismo, mas o que aconteceu após cinco anos de revolução foi à matança e a carnificina por causa do poder. Sabemos que Rousseau foi um autor que se configurou como um teórico do Iluminismo, juntamente com Voltaire, Diderot e Dailamber – além de Immanuel Kant, é claro! Segundo esses teóricos, a Revolução deveria marcar o ápice da exaltação da razão humana. A idéia (a mais pura e inocente delas) era se chegar à Paz perpétua, sonhada por Kant.

 

Quando da época de Robespierre, a Revolução Francesa já começa a tomar rumos diferentes, ou melhor, drásticos. O século 19 é marcado pela repressão e pelo abuso do poder.Em termos de filosofia, a produção contemporânea é muito grande. Exatamente porque a produção científica e filosófica se desenvolve bastante. Sem contar com o fato de a ciência ter se unido à técnica e, com isso, ter gerado muitos problemas que foram objetos de estudos. É neste século que também temos a Revolução Industrial, que não nos custa lembrar, é uma revolução tecnológica. Com a revolução Industrial, produziram-se máquinas para dar conta de produzir mais, a custo acessível e com uma mão-de-obra menor. A idéia inicial era que o homem tivesse mais tempo para fazer outras coisas (passear, se dedicar à família, à cultura – por exemplo), já que as máquinas poderiam se ocupar da produção.

 

O homem, livre do trabalho, poderia se dedicar ao ócio criativo. É sabido que os grandes avanços da revolução industrial conduziram a outros avanços e revoluções – como ao Fordismo e ao Tayolismo. Já dissemos que a idéia inicial da revolução Industrial era criar máquinas que servissem aos homens. O que aconteceu posteriormente foi à inversão dessa lógica; com o fordismo e o tayolismo, era o homem quem deveria estar a serviço da máquina. Quem fez isso? Como isso ocorreu? Alguns culpam o positivismo, mas, certamente Conte não tem nenhuma culpa de a ciência ter sido mal aplicada. Por sinal, a visão conteana sobre o conhecimento científico era, por assim dizer, bem inocente – se analisarmos seus escritos.Esse contexto é interessante para que entendamos o pensamento de Hegel. Este autor viveu todos esses dilemas: ele é o primeiro dos contemporâneos e, muitas vezes considerado, o último dos modernos. Segundo este célebre pensador, a história se repete, em forma de espiral, por um processo dialético: antítese, tese e síntese – um pouco ao contrário de Conte que, posteriormente, identifica a evolução como uma escada, onde se pára e se sobe. Para este último, a alternância entre períodos críticos e avanços é saudável.Antes de adentrar na filosofia hegeliana, falemos um pouco do idealismo transcendental.

 

Os problemas fundamentais de Kant são a questão dos fenômenos (que não são a coisa em si) e a adequação entre razão teórica e razão prática. Esses serão objetos de discussão para os filósofos pós-kantianos. Ao anular o papel da experiência, pensavam os pós-kantianos, se poderia chegar à idéia da “coisa em si”, à essência. É bom perceber que, quando isso acontece, nega-se o noumenon; quando consideramos só o fenômeno, caímos num realismo. Mas, também quando se tira todo o dualismo empírico (substância e experiência), tudo pode ser conhecido pela razão. Nesse emaranhado todo, resta à razão prática – que também é capaz de tudo conhecer. Dessa forma, não existe nada que não possa ser conhecido.